Dizer que 2018, que nem completou seu primeiro semestre, é
um ano de eleições seria uma caracterização pobre do momento, pois golpismos,
delações e (des)informações constroem o mês de outubro nas terras tupiniquins
(que com alguma resistência indígena ainda pode dar-se ao direito de sê-lo).
Entre amigos e familiares rondam os mitos mais estapafúrdios, desde a nobreza
judicial de Moro ao fim dos vícios da imoralidade política com a prisão de
Lula. Surge daí esperanças parcas, ideias torpes. A genialidade em alguns
momentos parece, por narcisismo ou como mecanismo de defesa do ego, gloriosa,
sem perceber que caminha numa redoma. Seus esforços ainda não encontraram os
limites dessa suposta genialidade,
pois é capaz que quando encontrem sintam-se traídos por esse conhecimento
brilhante, enganados de tal forma que restaria caminhar por um longo tempo em
silêncio para apaziguar a alma turva, para afastar os fantasmas fofoqueiros de
sua rotina. Isto, claro, se nenhum outro mecanismo de defesa intervier na
psique para atrapalhar a internalização da perda de uma parte de si mesmo, até
então importante para que essas pessoas se pensassem politicamente.
A corrupção
desenfreada unifica os discursos desses amigos e familiares meus. Algumas falas
são nitidamente insustentáveis, como a descoberta
de uma “classe política”, que significa dizer que dentro de nosso Congresso
Nacional não existem divergências políticas nem a diferenciação entre partidos
de esquerda e direita. Consiste numa quadrilha bem organizada, capaz de enganar
a todos de forma tão perfeita que fazem parecer, num teatro bem encenado, que
de fato existem discordâncias quando, na verdade, um corrupto protege o outro,
numa solidariedade de classe tão essencial que eu poderia inferir que se isso
for verdade, então os movimentos sociais tem algo a aprender com esta
historieta.
Dizer isto
é ter nenhum conhecimento sobre os estudos marxistas. É desconhecer um
princípio básico da ciência política: ela é sobre poder. Esquece-se, também, de
outro conceito importante, uma arena política: diferentes grupos disputam um
lugar de poder, muitas vezes obrigados a dividir esse espaço de poder com
opositores. Por amnésia ou por conveniência de soar intelectual, passa uma má
impressão por um lado, embora seja um discurso capaz de atrair os menos
entendidos no assunto em outros lados. Essas pessoas unem-se por um ódio à
política e aos políticos, percebem seu país infestado pela corrupção, mas seus
espíritos são cálidos de tão justos e bons que são. Por este mesmo motivo, alguns
não pensam em envolver-se com a política, pois teriam suas virtudes apagadas em
meio aos lobos.
Deste ponto
de vista, para que serve uma votação para os líderes do executivo ou dos
representantes do legislativo se já está tudo decidido entre a “classe política”?
A sociedade civil é assim tão dispersa para não notar esta armação? Para onde
foi o jornalismo? Ele também estaria sendo enganado? O mundo divide-se, então,
entre políticos e não-políticos? Se é uma armação tão boa, como poderia a
pessoa que identificou o estratagema desconfiar disto? Não poderia ter sido
pela sociologia, pois ela já foi negada. Estaríamos prestes a presenciar uma
nova ciência social revolucionando nosso entendimento sobre a política? Não,
pois o raciocínio é falacioso e ilógico, apela ao achismo[1]
e às percepções seletivas.[2]
As
pesquisas de Aníbal Perez Liñan seriam o suficiente para alguém atualizar-se sobre
a deposição da presidenta Dilma: um impeachment dado os dispositivos legais acionados na Constituição alegando
crime de responsabilidade, mas um golpe parlamentar considerando as demais
condições que exigiram seu afastamento: situação de crise econômica, escândalos
de corrupção, mobilização popular (antipetista) e hostilidade ao Executivo pelo
Legislativo.[3]
O dossiê “Instabilidade política e quedas presidenciais na América Latina” da
Revista de Ciências Sociais viria a ser um gesto generoso de demonstrar como a
realidade do Brasil é também a realidade de outros países latino-americanos,
que estes golpes parlamentares possuem mais antecedentes do que um democrata
gostaria de admitir.
Julgo pertinente o seguinte
raciocínio lógico: todo ato é político, logo, o judiciário é político. Não é
necessário muito mais que isto para compreender sua parcialidade, o que não o
torna, ainda, um poder corrupto como gostaria o pensamento lodoso. Mas, nesse
mesmo dossiê, o artigo “Os juristas políticos e suas convicções: para uma
anatomia do componente jurídico do golpe de 2016 no Brasil”, de Pedro Luiz Lima
e Jorge Chaloub, desmancha o imaginário de um judiciário não-politizado, imagem
que os próprios juízes tentam criar sobre si mesmos, seja proferindo discursos
nos quais se distanciam do universo político e elevam a posição intelectual do
Judiciário, como o faz Luís Roberto Barroso, ou como ativistas judiciais
prontos para colocar ordem na casa do Legislativo, como Sérgio Moro.
Daí surge, possivelmente, a
imagem deste grande paladino Bom e Leal,[4]
mas com valores inquisidores, e a Justiça da Inquisição assusta o coração
humanista. Isto serve de lição para não confundirmos os valores Bons com os
valores Justos, e estes com o Direito, visto que a ciência jurídica não é a
mera aplicação da norma.[5] O
falso argumento da neutralidade condenou Lula e derrubou Dilma.
Está dado, assim, um olhar
envenenado ao antipetismo com um gosto doce de sangue, que só com o tempo
tornar-se-á ferro amargo. Como passamos de Lula,
o Filho do Brasil para O Mecanismo? Requisito a didática do Canal Meteoro Brasil, que fez um vídeo de ótima qualidade a respeito. O
distanciamento histórico que eles aludem talvez seja confiar demais em algo ainda
por vir e não contribui para uma política do presente, mas os
roteiristas-narradores do Meteoro Brasil não fazem política do passado (ainda
que recorram ao caso do apartamento do presidente J.K.), utilizam categorias atuais
para pensar movimentos recentes de um palco que não está tão borrado. São
analistas, a sua maneira, da realidade em que vivem. Seria o distanciamento
histórico dos fatos uma condição para as massas pós-Lava Jato perceberem Lula
como percebemos hoje J.K.? Mas as massas não acompanham Lula nas caravanas nas
quais recentemente receberam tiros contra um de seus ônibus? Então quem concorda com a
Lava Jato?
Obviamente, as perguntas
anteriores só fazem sentido para quem acredita que é necessário grande
quantidade de pessoas da “classe política” para armar toda esta confusão, quando,
em realidade, requer, a princípio, uma parceria entre um juiz paladino e o
(P)MDB apartidário.[6]
Ainda por cima alimenta-se não somente a ideia de que levar Lula para a cadeia
acaba rapidamente com a corrupção como compreende-se amadoramente a corrupção
por imaginar que seu fim trará o desenvolvimento do país.[7]
Isto para não dizer que a lógica do desenvolvimento está pensada em termos de
industrialização, investimentos em tecnologia e (por que não?) do boom da inteligência artificial – aquilo
que cada vez mais nos aproxima dos cenários macabros de Black Mirror, mas que
algumas criaturas desejam com um interesse visceral. Em outras palavras, estão
postas as empresas e o mercado na mesa.
Esses amantes da Lava-Jato também
pensam sobre educação, chegam a mencionar como ela é essencial para o combate à
corrupção[8].
Pecam apenas quando creem que países com melhores índices de educação são menos
corruptos ou que melhores pontuações em educação em testes internacionais
implicam maior desenvolvimento de um país. Finlândia e outros países
escandinavos provavelmente serão tidos como referências em educação, sobretudo
por seus altos escores em testes padronizados e menos pelo que interessa: o
processo educativo.
Estes mitos podem ser
descontruídos com maior facilidade em comparação com o espírito ativista
curitibano. Se há a pressuposição que países menos corruptos possuem melhor
educação e, portanto, melhor economia, basta buscar estes valores. Abaixo
separei o Índice de Percepção de Corrupção (IPC) de 2016, o Índice de Poder
Nacional (NPI) de 2012, o Programa Internacional de Avaliação do Estudante
(PISA) de 2015 e o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 dos países.
PAÍSES
|
IPC[9]
|
PISA[10]
|
NPI[11]
|
PIB[12]
|
DINAMARCA
|
1º
|
502
|
41º
|
301,1 bilhões
|
NOVA ZELÂNDIA
|
1º
|
513
|
46º
|
185 bilhões
|
FINLÂNDIA
|
3º
|
531
|
|
236,8 bilhões
|
SUÉCIA
|
4º
|
493
|
19º
|
511 bilhões
|
SUÍÇA
|
5º
|
509
|
22º
|
659,8 bilhões
|
NORUEGA
|
6º
|
498
|
31º
|
370,6 bilhões
|
SINGAPURA
|
7º
|
556
|
47º
|
297 bilhões
|
PAÍSES BAIXOS
|
8º
|
509
|
15º
|
770, 8 bilhões
|
CANADÁ
|
9º
|
528
|
10º
|
1,53 trilhão
|
ALEMANHA
|
10º
|
509
|
3º
|
3,467 trilhões
|
BRASIL
|
79º
|
401
|
14º
|
1,796
trilhão
|
O Brasil,
como único país de terceiro mundo da tabela, aparece como exemplo cuja
pontuação no PISA é menor em comparação aos países europeus, para não dizer
abaixo da média esperada pela OECD, além de ter uma posição bem desfavorável no
ranking do IPC. Em contrapartida, é um dos países mais industrializados da
lista, sendo ultrapassado apenas pelo Canadá e pela Alemanha. Percebe-se ainda
que o Brasil possui o segundo maior PIB, superando o Canadá e perdendo apenas
para a Alemanha. Estes dois países, ademais, ainda que sejam países com
pontuação em educação acima da média, não os países com melhor educação do
ponto de vista quantitativo.
Agora farei
a mesma tabela, porém, colocarei na lista os países mais corruptos, mas como
alguns desses países (como a Somália e o Sudão do Sul) não participam do PISA,
adaptarei partindo de países com altos índices de corrupção e que participaram
no PISA:
PAÍSES
|
IPC
|
PISA
|
NPI
|
PIB
|
COREIA DO NORTE
|
174º
|
516[13]
|
6º
|
28,5 bilhões
|
RÚSSIA
|
131º
|
487
|
11º
|
1,283 trilhão
|
MOLDOVA
|
123º
|
428
|
106º
|
6,75 bilhões
|
MÉXICO
|
123º
|
416
|
13º
|
1,046 trilhão
|
REPÚBLICA DOMINICANA
|
120º
|
332
|
68º
|
71,58 bilhões
|
ARGÉLIA
|
108º
|
376
|
43º
|
156,1 bilhões
|
TRINIDADE E TOBAGO
|
101º
|
425
|
107º
|
20,99 bilhões
|
TAILANDIA
|
101º
|
421
|
37º
|
406,8 bilhões
|
PERU
|
101º
|
397
|
39º
|
192,1 bilhões
|
KOSOVO
|
95º
|
378
|
-
|
6,65 bilhões
|
BRASIL
|
79º
|
401
|
14º
|
1,796
trilhão
|
Desta vez,
o México é o país que acompanha o Brasil principalmente no NPI, mas numa
posição de corrupção maior que o Brasil. É incrível notar como países
extremamente corruptos como Coreia do Norte e Rússia sejam mais
industrializados que o Brasil, dadas suas posições no IPC, ou que a Coreia do
Norte possa ser mais industrializada que o Brasil ou que a Rússia com um PIB
incrivelmente baixo. Mas a Coreia do Norte, sendo o único país desta lista de
países com pontuação no PISA acima da média não deveria ter um PIB
extraordinário? E antes que inventem de dizer que devemos ser como muitos
países asiáticos em educação[14]
além de copiar o desenvolvimento europeu (seja lá o que for desenvolvimento
para quem disse isso, mas tentei contemplar através do PIB e NPI, visto que se
ligava a economia) isto não seria possível, pois nem cheguei a considerar
questões socioculturais como o Índice de Desenvolvimento Humano, o grau de
democracia do país, a liberação ou criminalização do aborto, o porte ou
proibição de armas, punição de crimes com pena de morte, índice de racismo, a
quantidade de manifestações num país por ano, e assim por diante.[15]
A ideia de
que a corrupção é o maior empecilho da economia e da educação é falso. A ideia
de que uma boa economia (e ainda nem entrei no mérito dela ser liberal ou
social) permite investir mais em educação para diminuir a corrupção
progressivamente também é falso, caso contrário deveríamos nos perguntar o que
a Rússia está fazendo com sua receita nacional. Ou, em último caso, que uma boa
educação permite melhor desenvolvimento e combate a corrupção, cujo
contraexemplo é o próprio Brasil diante dos países escandinavos: quem poderia
imaginar que sua produção de manufaturados chegaria a esse ponto para um país
que, do ponto vista dos estudos sobre capitalismo dependente, a criação de um mercado
interno nunca foi prioridade de seus governantes?[16]
Saber que existe
corrupção pode ser um bom sinal, segundo o cientista social Claudio Weber
Abramo[17],
pois demonstra que esse ônus não está mais escondido. Também comenta que a
dificuldade de medir o grau de corrupção de um país é saber que existe
corrupção, pois devemos pressupor que ela não é praticada para ser publicizada,
mas para permanecer oculta. Por este mesmo motivo, esse cientista social duvida
da credibilidade que devemos dar ao ICP que foi aqui utilizado para construir o
argumento, pois ele está baseado na opinião de pessoas, sendo, portanto,
“demasiadamente influenciada pelo noticiário”, isto é, por um canal de
comunicação midiático que tornou público algo que não deveria sê-lo (aos olhos
de quem pratica esse ilícito), colaborando para a construção de medidas
anticorrupção. O que poderia colocar em dúvida, inclusive, a posição do Brasil
no ICP sem cair no absurdo de dizer que não existe corrupção por aqui.
A cura para
todo esse mal é variada, pode partir da educação[18]
(formal e informal), de melhorar os controles entre aqueles que representam a
cúpula política e a burocracia do Estado[19]
(incluída aí um diminuição de gastas com o acesso à informação, ou seja,
melhorando a transparência e os “alarmes de incêndio”), maior incentivo à
moralidade nacional, emergência de centros de poderes fora da burocracia, e
outras que seriam contraintuitivas para o caso brasileiro se fossem realmente
uma solução, como: melhoria de salários dos servidores públicos ou tornar mais
simples os processos burocráticos entre os agentes públicos e as empresas
privadas.[20]
Todas estas
soluções são extremamente variadas, pois dependem do tipo da situação de
corrupção que vive um país. Assim, quando ouço bradarem (o famoso falar de “boca
cheia”) que a solução da corrupção é um maior investimento em educação, eu
poderia apenas responder “pode ser” porque em algum quadro de diagnósticos essa
opção é uma solução a ser apreciada, mas não sempre. Seria se a causa da corrupção
fosse sempre a mesma, e já podemos supor que não o é por dois motivos simples:
a primeira e que a história do Estado como instituição é diferente em cada país,
variando também sua Constituição e seus dispositivos de controle legais,
levando-nos a pressupor que as estratégias para praticar corrupção não podem
ser as mesmas, logo, suas soluções também não podem ser as mesmas.
Um segundo
e excelente motivo é a história econômica de cada país, isto é, como se deu
suas formas de produzir, distribuir, acumular e trocar suas riquezas ao longo
do tempo. As situações de capitalismo dependente mencionadas anteriormente
poderiam começar a denotar estas particularidades entre países centrais e
periféricos. Logo, devemos nos fazer as seguintes perguntas: a maior força de
um país está em sua economia? Se uma economia vai bem, seu país também vai bem?
Pelos motivos anteriormente mencionados, eu advogo em dizer que não. Mas não
precisamos parar as perguntas por aqui: uma péssima educação significa uma
péssima economia? A educação vinculada a empresas garante uma boa economia?
Novamente, não. Então de onde vem esta ideia de que empresas e educação (de
preferência as empresas pensando educação[21])
importam para o progresso do desenvolvimento tecnológico do país? Sem elas
acaba o avanço da civilização[22]?
Importa tanto assim alcançar o primeiro lugar numa competição entre os países
do globo?
Tudo indica
uma confiança enorme no mercado por um lado e um desconhecimento de economia,
de política e de educação por outro. Defasagem esta que peca em compreender o
que é cultura, sobretudo cultura política, isto é, existe uma forma de
transmitir conhecimentos sobre o ofício político entre os próprios políticos, o
que permite pesquisas nas ciências sociais que investiguem estes comportamentos
políticos, entre eles a corrupção. A última pergunta é: aonde foi parar as
ciências sociais nessas conversas cotidianas? Existem cientistas políticos para
informar estes desinformados (ou demasiadamente informados, embora sem
fundamentação teórica para análise de seus dados)? Eles existem, óbvio, mas
parecem não acreditar nas ciências sociais como ciências. Não é difícil
imaginá-la sendo tratado como uma ciência mole, quando não ideológica (daí, sem
método).
Trata-se de duas prescrições
equivocadas, uma vez que a metodologia nas ciências sociais, quando mais
amadurecida em meados do século XX em comparação ao seu surgimento, traz
contribuição importante sobre a dificuldade de fazer teorias gerais[23],
devendo pensar particularidades nos campos pesquisados (como as culturais). Não
é raro, vale mencionar, que a epistemologia das ciências humanas (as ciências
sociais aqui inseridas) vá pensar não apenas a produção de seu próprio
conhecimento, mas também o conhecimento das ciências duras.
Sobre a ideologia não restam muitos
comentários. O termo ideologia foi cunhado pelas ciências humanas. Ela está
familiarizada com este conceito e é capaz de identificar a ideologia em seus
próprios estudos, uma vez que nem sempre ideologia é uma tentativa de controle
do pensamento ou distorção de ideias, pode ser meramente a descrição de um percurso
reflexivo ao produzir um pensamento ou ideia. A novidade, para quem não estiver
familiarizado, é que todo pensamento ou ideia recorre a uma ideologia, o perigo
é não saber como esses pensamentos ou ideias convivem conosco, quando surgem,
por que nos afetam ou inquietam tanto. Posso dizer que tenho alguma
tranquilidade em saber como sei o que sei, de onde vem, o que me incentiva a
manter tal pensamento ou descartá-lo. A certeza, no entanto, não é minha dádiva,
mas a dúvida o é, e de tal forma que eu seja obrigado a por a prova aquilo que
eu sei, verificar minhas experiências, meditar meu conhecimento. Assim, espero
ser o menos corrompido possível e espero corromper menos os outros. Caso
contrário, nos permitimos a corrupção de algo tão corriqueiro, como conversas sobre
corrupção.
[1]
Um exemplo disto é “você acha mesmo que alguém num cargo de poder não vai
pensar em colocar algum dinheiro no bolso?”, “você acha mesmo que o Lula tinha
dinheiro para comprar um fazenda?”. Isto quando não é “eu acho que o que o Moro
faz é ser fiel aos valores dele”, “eu acho que extremismo nenhum resolve a
política [nem extrema Direita nem extrema Esquerda]”.
[2] Ver Rafael Lazzarotto Simioni. Interpretação jurídica e percepção seletiva:
a dimensão organizacional da produção de sentido no direito. In: Revista
Brasileira de Direito, Passo Fundo, RS, v.11, n.1, p.135-147, jan.-jun. 2015.
[3]
Ver entrevista com o cientista político Anibal Perez Liñan em <https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/05/anibal-perez-linan-crise-no-brasil-nao-se-encerrara-logo.html>.
[4]
Para aproximar-se do debate sobre a condenação de Lula pelo paladino Moro,
recomendo a discussão feita no podcast Politizaçãoda judiciário pelo Mamilos.
[5]
Ver Roberto Lyra Filho. O que é direito?.
São Paulo, SP: Brasiliense, 1982.
[6]
Confira PMDB volta a se chamar MDB:
retorno ao passado para aplacar crise de imagem. .
[7]
Uma versão dessa história que me parece fazer todo o sentido foi publicada no
blog Casa de Vidro com o artigo Psicopatastogados, lawfare e pós-verdade: sobre os elementos no caldeirão do novo Golpede Estado.
[8]
Caso a Lava-Jato tenha efeitos positivos, alguém já imaginou que essa
positividade não seria limpar toda a “sujeita” do sistema político, como
menciona Adriano Oliveira em seu artigo Qual
será a influência da Lava-Jato nas eleições de 2018? ?
[9]
Os números nas células correspondem à posição ordinal dos países menos
corruptos. Omiti a pontuação, para verificá-la acesse < https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016#table>.
[10]
O resultado médio da OECD para o teste é 493.Está sendo considerado somente o
resultado em Ciências, visto o enfoque dado pelos discursos que eu ouvi sobre o
progresso tecnológico (científico) aliado ao desenvolvimento econômico de
países. Para ver resultados em Matemática e Leitura acessar <https://www.oecd.org/pisa/PISA-2015-Brazil-PRT.pdf>.
[11]
Os números nas células correspondem à posição ordinal dos países em relação ao
que pretende-se interpretar como grau de
industrialização de um país num ranking mundial. É possível ter acesso aos
valores em: <http://www.nationalpower.info/ladder-of-national-power-and-other-rankings/>.
[12]
Conferido a partir dos gráficos gerados pela aba de pesquisa Google, o qual
confirma o Banco Mundial como fonte. Os valores estão em USD.
[13]
Este resultado refere-se às duas Coréias.
[14]
Recomendo ler Claudio de Moura Castro. Por
que não fazemos como a Coreia?.
Ensaio: Revista Avaliação de Políticas Educacionais, Rio de Janeiro,
v.22, n.8, p.829-852, jun.-set. 2014.
[15]
Outras comparações igualmente mentirosas são a alegação de como países com
liberação de porte de armas são mais seguros, pois partem de premissas tão
falsas quanto à da força estupenda do mercado como bandeira neoliberal para
melhorar qualidade de vida das pessoas. Sobre o desarmamento civil recomendo
ver uma série de sete vídeos no Canal do Pirula.
[16]
Para compreender as particularidades da história econômica do Brasil ver
Landislaw Dowbor. A formação do
capitalismo dependente no Brasil. Editora Brasiliense, 1982.
[17]
Ver Claudio Weber Abramo. A dificuldade
de medir a corrupção. Novos Estudos, n.73, p.33-37, nov. 2005.
[18]
Ver Antonio Frederico Zancanaro. A corrupção político-administrativa no
Brasil. Akrópolis, v.3, n.10, 1995.
[19]
Ver Marcelo Araújo e Oscar Adolfo Sanchez. A
corrupção dos controles internos do Estado. Lua Nova, São Paulo, n.65,
p.137-173, 2005.
[20]
Todas estas últimas soluções, incluindo estas que denominei controversas, podem
ser consultadas em Zani Andrade Brei. A
corrupção: causas, consequências e soluções para o problema. RAP, Rio de
Janeiro, p.103-115, maio-jun. 1996. Nas perspectivas funcionalistas, comenta o
autor, a corrupção seria benéfica para corrigir a lentidão da burocracia, visto
que as decisões são tomadas de forma mais rápida e eficiente (atendem um
objetivo, não necessariamente geram bons resultados) e liberam rapidamente a
máquina estatal para outras tomadas de decisões.
[21]
Ver Benno Sanders. Administração da
educação no Brasil: genealogia do conhecimento. Brasília: Liber Livros,
2007. O autor descreve como que modelos empresariais de gestão nas escolas
(aqueles reconhecidos pelas palavras eficácia,
eficiência e efetividade) não são mais preferíveis em comparação à gestão relevante, um tipo de gestão
baseado na democratização da escola e descentralização do poder de decisão,
denominado usualmente gestão democrática. Em poucas palavras: uma escola não
pode ser uma empresa, logo, não deve interessar-se imediatamente em formar com
perspectivas de inserir o aluno num mercado de trabalho, assim, como poderia
uma educação deste tipo (tida como princípio para uma educação de qualidade)
contribuir para disparar o país num ranking nacional de economia baseado no
mercado competitivo?
[22] Esta ideia de avanço econômico pode recorrer a um
etnocentrismo, principalmente quando se pensa em exportar a tecnologia
produzida em seu país para concorrer no mercado internacional e dominá-los.
Considero isto outra forma de etnocentrismo, uma vez que economia está
relacionada com cultura e não é um
artefato universal. Para discutir mais cultura ver Lévi-Strauss, C. Raça e História. Coleção Os Pensadores,
vol. L, São Paulo: Abril Cultural, p.51-93, 1976. O texto também é útil para
descontruir uma ideia que nos atormenta demasiadamente sobre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, atrasados ou em avanço.
[23] Ver Boaventura de Sousa Santos. Para além do pensamento
abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: Boaventura de
Sousa Santos e Maria Paula Meneses (Orgs.). In: Epistemologias do sul.
Centro de Estudos Sociais: Universidade de Coimbra, 2009. P. 23-73.
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